Os Ramos
Mauro é o filho caçula de um casal, Aldo Ramos e Lúcia Santos, seu irmão mais velho chama-se Roberto, onde a diferença é de cinco anos de idade.
O seu pai é militar da aeronáutica e sua mãe dona de casa, eles eram provenientes de Salvador, só que por motivos de trabalho, seu pai passou uma temporada no Rio de Janeiro, onde nosso amigo Mauro nasceu.
A família parecia até um protótipo de um grupo familiar perfeito, só que as crianças eram criadas de formas diferentes, um era o modelo de estudante e de filho, o responsável, aquele que tirava notas perfeitas, o filho dos sonhos, como dizia a sua mãe, já o menor era tido como a “ovelha negra”, era rotulado de tudo que não prestava, preguiçoso, apático, não tirava boas notas na escola e isso era tudo para os pais, que sempre faziam questão de mostrar a diferença e a predileção entre os dois.
Com o tempo, Roberto ou Betinho, como gostavam de chamar, conquistava cada vez mais a admiração dos pais, já o menor ia justamente pelo caminho contrário.
O pai viajava muito, por motivo de trabalho, assim, Betinho, se imaginava o homem da casa, tentava encarnar a responsabilidade do pai e a mãe, despretensiosamente não percebia que naquela família de quatro pessoas estava sendo criado um abismo, pois família tem que ser unidade e não competição, onde um é o máximo e o outro é só um apêndice.
Dessa forma as crianças foram crescendo, o filho mais velho já opinava sobre tudo na casa, ele emitia pareceres até sobre os castigos que deveria ser efetuado no filho dito problemático, onde os pais sem saber, estavam afastando mais e mais um do outro.
Quando havia motivos para um castigo maior como uma surra, Betinho fazia questão de segurar o pequeno para a mãe descer o cinto e isso se tornou “normal”.
Quando o militar chegava do trabalho, eram mais motivo de angústia, para o pequeno, lá vinha confusão, pois suas notas no colégio não eram nada boas e a pancadaria estava garantida.
O guri não tinha sossego nem onde morava, pois o lugar era visado pela bandidagem e quando saía era confusão na certa; na escola a notas eram as mais sofríveis principalmente porque ele sofria muito bullying, pelo fato de ser novato, os alunos do colégio dos padres não perdoavam quem vinha de outra escola.
Assim se resumia a vida do pequeno Mauro, uma confusão só.
O tempo passa... Betinho termina o ensino médio e já preparava o seu caminho para fazer medicina e Mauro saiu do colégio e foi para uma grande escola pública da região.
Nesse colégio Mauro conseguiu se adaptar e traçar uma meta, ele já começava a se situar na família, perceber a realidade e por mais que fizesse não ia ser igual ao irmão, acatava o sucesso dele e seguia em frente.
Com o tempo, Betinho desistira da medicina, pois o vestibular naquela época era bastante exigido, abraçou o curso de Direito, já Mauro engendrou na carreira do magistério.
As coisas não modificaram apesar de tudo, pois socialmente a profissão do mais velho era mais reconhecida, os pais se enchiam de orgulho, falava a todos como Betinho era inteligente.
Quando era no sábado, Betinho saía com a noiva Rosa, uma professora e o mais novo ficava ali, ouvindo um rosário de queixas, as coisas não mudavam, só a idade de todos.
Depois de um tempo, quando Mauro completara 22 anos de idade, sua mãe falecera, com problemas no coração, assim ficou uma família de três homens.
Nesse tempo Aldo já estava aposentado e deu para beber todos os dias, gerando mais confusão na família, ninguém se entendia, era todos brigando contra todos, já estavam vendo a hora de acontecer algo mais grave.
Aldo ameaçava o tempo todo ir embora, mas não cumpria as ameaças, contudo tornara-se mais violento, as agressões contra Mauro eram quase constantes, o rapaz aceitava a surra complacentemente, pois se ele reagisse poderia haver uma tragédia maior, ou no mínimo Aldo deixar de pagar a faculdade e colocá-lo para fora de casa.
Roberto também não estava passando por uma boa fase, pois terminara com a sua amada Rosa, por motivos inimagináveis e isso mexeu com a sua estrutura.
Já em casa, as coisas também pioraram, tudo era motivo para briga, até se um garfo que estivesse sujo na pia, saía uma enxurrada de xingamentos.
Seis meses depois de viúvo o chefe da casa arrumara uma parceira chamada Cacilda, uma pessoa centrada que não tinha a menor ideia do esparro que estava caindo, o casal ia para a casa de praia dele e passavam o final de semana.
Na volta , Aldo deixava sua namorada lá na casa dela e voltava para o “lar”, quando chegava era confusão na certa, qualquer coisa era motivo para gritos, xingamentos e humilhações, para os rapazes.
Cada um em sua individualidade, resolveu sair sempre nas noites de domingo justamente na hora em que Aldo chegava, passando a evitar mais confusões.
A minúscula família de três pessoas era um verdadeiro triângulo das bermudas, Betinho ainda queria reivindicar o seu reinado no grupo, ficava instigando confusão entre o caçula e o pai, fazia muitas cobranças para Aldo, que por sua vez cobrava Mauro.
Até a pensão que Mauro recebia, por estar estudando Betinho queria que ele dividisse por três, e o pai ainda caía na dele, sem perceber que a manipulação do primogênito na família já acontecia há décadas.
Betinho se formou em direito, conseguindo atuar na profissão, orgulho sonhado pelos pais e Mauro já terminara na Faculdade de Letras, seguindo a sua vida.
O relacionamento deles não era o dos melhores, mas ainda dava para levar, até que um dia Mauro conseguira trabalhar em uma prefeitura que mais paga na região, conseguindo ganhar até mais que Betinho, foi aí que o mais velho entrou em parafusos, começou a instigar o pai para que o caçula pagasse mais imposto na casa, o pai cobrava e a confusão se instalava.
Os gritos do pai ecoavam na residência, a ameaças de agressão física se consolidavam, todos sabiam do asilo que era aquilo ali.
O jeito foi Mauro pagar mais, mesmo que o pai não precisasse, depois de um bom tempo, Aldo confessou que era pressionado pelo primogênito para que Mauro pagasse mais na participação do lares que muitas cobrança não eram dele, era uma satisfação que ele tinha que dar ao mais velho, que sempre cobrava decisões surreais do seu pai.
Nessas viagens Mauro conheceu uma linda morena de nome Cleide, foi amor à primeira vista, com seis meses já estavam noivos e preparando para o casamento, o seu irmão ficou desnorteado com a notícia, pois ele não conseguia ficar com mais ninguém, depois do seu relacionamento frustrante.
Depois de um tempo, Mauro foi morar no interior onde nascera Cleide, o pai também resolveu morar com Cacilda e Betinho ficou sozinho na casa.
A solidão deixara o primogênito mais ansioso, procurava configurar um relacionamento de qualquer forma, mas sempre dava errado, causando depressão nele , assim ele corria sempre para a cidade do irmão, só que lá ele queria se meter na relação conjugal do caçula, gerando mais atrito.
Quando a filha de Mauro e Cleide nasceu, as coisas pioraram mais ainda, ele queria opinar na educação da garota, criando muita confusão na família.
O cara sempre tinha um comentário negativo para a garota, isso quando conseguia enxergar a menina, onde inventou para toda a família que Mauro tinha ciúme dele com a filha, mas não dizia o que ele aprontava com o irmão como seguir a esposa pelas ruas da cidade, comparar sempre a esposa do caçula com as suas ex-namoradas; que cobrava com a Mauro mais atenção com Aldo dizendo que o caçula dava mais atenção à sua filha Jaciara do que ao pai deles; os comentários estavam cada vez mais desagradáveis e a fissura pela família de Mauro chegava a incomodar.
O passado sempre perseguia a família Ramos, pois o primogênito fazia questão de reviver os traumas e o gatos desagradáveis da infância, quando não fazia isso, procurava fazer intrigas entre o pai e o irmão, sugerindo atos absurdos feitos pelo caçula.
Aldo, que já era idoso, também não saia livre das cobranças, Betinho estava sempre lá na casa de Cacilda, para lembrar tudo que acontecera com a família Ramos no passado, gerando mais confusão, onde cada um para não esganar o outro, passou a viver separado, cada Ramo para o seu lado e assim perdura até hoje.
Marcelo de Oliveira Souza
Os Ramos
Mauro é o filho caçula de um casal, Aldo Ramos e Lúcia Santos, seu irmão mais velho chama-se Roberto, onde a diferença é de cinco anos de idade.
O seu pai é militar da aeronáutica e sua mãe dona de casa, eles eram provenientes de Salvador, só que por motivos de trabalho, seu pai passou uma temporada no Rio de Janeiro, onde nosso amigo Mauro nasceu.
A família parecia até um protótipo de um grupo familiar perfeito, só que as crianças eram criadas de formas diferentes, um era o modelo de estudante e de filho, o responsável, aquele que tirava notas perfeitas, o filho dos sonhos, como dizia a sua mãe, já o menor era tido como a “ovelha negra”, era rotulado de tudo que não prestava, preguiçoso, apático, não tirava boas notas na escola e isso era tudo para os pais, que sempre faziam questão de mostrar a diferença e a predileção entre os dois.
Com o tempo, Roberto ou Betinho, como gostavam de chamar, conquistava cada vez mais a admiração dos pais, já o menor ia justamente pelo caminho contrário.
O pai viajava muito, por motivo de trabalho, assim, Betinho, se imaginava o homem da casa, tentava encarnar a responsabilidade do pai e a mãe, despretensiosamente não percebia que naquela família de quatro pessoas estava sendo criado um abismo, pois família tem que ser unidade e não competição, onde um é o máximo e o outro é só um apêndice.
Dessa forma as crianças foram crescendo, o filho mais velho já opinava sobre tudo na casa, ele emitia pareceres até sobre os castigos que deveria ser efetuado no filho dito problemático, onde os pais sem saber, estavam afastando mais e mais um do outro.
Quando havia motivos para um castigo maior como uma surra, Betinho fazia questão de segurar o pequeno para a mãe descer o cinto e isso se tornou “normal”.
Quando o militar chegava do trabalho, eram mais motivo de angústia, para o pequeno, lá vinha confusão, pois suas notas no colégio não eram nada boas e a pancadaria estava garantida.
O guri não tinha sossego nem onde morava, pois o lugar era visado pela bandidagem e quando saía era confusão na certa; na escola a notas eram as mais sofríveis principalmente porque ele sofria muito bullying, pelo fato de ser novato, os alunos do colégio dos padres não perdoavam quem vinha de outra escola.
Assim se resumia a vida do pequeno Mauro, uma confusão só.
O tempo passa... Betinho termina o ensino médio e já preparava o seu caminho para fazer medicina e Mauro saiu do colégio e foi para uma grande escola pública da região.
Nesse colégio Mauro conseguiu se adaptar e traçar uma meta, ele já começava a se situar na família, perceber a realidade e por mais que fizesse não ia ser igual ao irmão, acatava o sucesso dele e seguia em frente.
Com o tempo, Betinho desistira da medicina, pois o vestibular naquela época era bastante exigido, abraçou o curso de Direito, já Mauro engendrou na carreira do magistério.
As coisas não modificaram apesar de tudo, pois socialmente a profissão do mais velho era mais reconhecida, os pais se enchiam de orgulho, falava a todos como Betinho era inteligente.
Quando era no sábado, Betinho saía com a noiva Rosa, uma professora e o mais novo ficava ali, ouvindo um rosário de queixas, as coisas não mudavam, só a idade de todos.
Depois de um tempo, quando Mauro completara 22 anos de idade, sua mãe falecera, com problemas no coração, assim ficou uma família de três homens.
Nesse tempo Aldo já estava aposentado e deu para beber todos os dias, gerando mais confusão na família, ninguém se entendia, era todos brigando contra todos, já estavam vendo a hora de acontecer algo mais grave.
Aldo ameaçava o tempo todo ir embora, mas não cumpria as ameaças, contudo tornara-se mais violento, as agressões contra Mauro eram quase constantes, o rapaz aceitava a surra complacentemente, pois se ele reagisse poderia haver uma tragédia maior, ou no mínimo Aldo deixar de pagar a faculdade e colocá-lo para fora de casa.
Roberto também não estava passando por uma boa fase, pois terminara com a sua amada Rosa, por motivos inimagináveis e isso mexeu com a sua estrutura.
Já em casa, as coisas também pioraram, tudo era motivo para briga, até se um garfo que estivesse sujo na pia, saía uma enxurrada de xingamentos.
Seis meses depois de viúvo o chefe da casa arrumara uma parceira chamada Cacilda, uma pessoa centrada que não tinha a menor ideia do esparro que estava caindo, o casal ia para a casa de praia dele e passavam o final de semana.
Na volta , Aldo deixava sua namorada lá na casa dela e voltava para o “lar”, quando chegava era confusão na certa, qualquer coisa era motivo para gritos, xingamentos e humilhações, para os rapazes.
Cada um em sua individualidade, resolveu sair sempre nas noites de domingo justamente na hora em que Aldo chegava, passando a evitar mais confusões.
A minúscula família de três pessoas era um verdadeiro triângulo das bermudas, Betinho ainda queria reivindicar o seu reinado no grupo, ficava instigando confusão entre o caçula e o pai, fazia muitas cobranças para Aldo, que por sua vez cobrava Mauro.
Até a pensão que Mauro recebia, por estar estudando Betinho queria que ele dividisse por três, e o pai ainda caía na dele, sem perceber que a manipulação do primogênito na família já acontecia há décadas.
Betinho se formou em direito, conseguindo atuar na profissão, orgulho sonhado pelos pais e Mauro já terminara na Faculdade de Letras, seguindo a sua vida.
O relacionamento deles não era o dos melhores, mas ainda dava para levar, até que um dia Mauro conseguira trabalhar em uma prefeitura que mais paga na região, conseguindo ganhar até mais que Betinho, foi aí que o mais velho entrou em parafusos, começou a instigar o pai para que o caçula pagasse mais imposto na casa, o pai cobrava e a confusão se instalava.
Os gritos do pai ecoavam na residência, a ameaças de agressão física se consolidavam, todos sabiam do asilo que era aquilo ali.
O jeito foi Mauro pagar mais, mesmo que o pai não precisasse, depois de um bom tempo, Aldo confessou que era pressionado pelo primogênito para que Mauro pagasse mais na participação do lares que muitas cobrança não eram dele, era uma satisfação que ele tinha que dar ao mais velho, que sempre cobrava decisões surreais do seu pai.
Nessas viagens Mauro conheceu uma linda morena de nome Cleide, foi amor à primeira vista, com seis meses já estavam noivos e preparando para o casamento, o seu irmão ficou desnorteado com a notícia, pois ele não conseguia ficar com mais ninguém, depois do seu relacionamento frustrante.
Depois de um tempo, Mauro foi morar no interior onde nascera Cleide, o pai também resolveu morar com Cacilda e Betinho ficou sozinho na casa.
A solidão deixara o primogênito mais ansioso, procurava configurar um relacionamento de qualquer forma, mas sempre dava errado, causando depressão nele , assim ele corria sempre para a cidade do irmão, só que lá ele queria se meter na relação conjugal do caçula, gerando mais atrito.
Quando a filha de Mauro e Cleide nasceu, as coisas pioraram mais ainda, ele queria opinar na educação da garota, criando muita confusão na família.
O cara sempre tinha um comentário negativo para a garota, isso quando conseguia enxergar a menina, onde inventou para toda a família que Mauro tinha ciúme dele com a filha, mas não dizia o que ele aprontava com o irmão como seguir a esposa pelas ruas da cidade, comparar sempre a esposa do caçula com as suas ex-namoradas; que cobrava com a Mauro mais atenção com Aldo dizendo que o caçula dava mais atenção à sua filha Jaciara do que ao pai deles; os comentários estavam cada vez mais desagradáveis e a fissura pela família de Mauro chegava a incomodar.
O passado sempre perseguia a família Ramos, pois o primogênito fazia questão de reviver os traumas e o gatos desagradáveis da infância, quando não fazia isso, procurava fazer intrigas entre o pai e o irmão, sugerindo atos absurdos feitos pelo caçula.
Aldo, que já era idoso, também não saia livre das cobranças, Betinho estava sempre lá na casa de Cacilda, para lembrar tudo que acontecera com a família Ramos no passado, gerando mais confusão, onde cada um para não esganar o outro, passou a viver separado, cada Ramo para o seu lado e assim perdura até hoje.
Marcelo de Oliveira Souza