Tornou-se uma raridade aquela avó acolhedora que cuidava dos netos quando os pais iam trabalhar. Aquela avó, que era quase uma ou às vezes até mais que a mãe para seus netos. Aquela avó que além de cuidar, fazia todo tipo de vontades com um sorriso de dar inveja. Mas, os tempos são outros, quando a avó não tem ocupações de diversos tipos, mora longe; hoje é comum que as “modernas avós” não tenham muito tempo para os netos, como não tiveram para os filhos; são comuns avós profissionais liberais, empresárias e por aí vai. Não existem mais as avós dos nossos sonhos, ficaram num tempo que ninguém quer de volta. Só querem, de volta por estranho que pareça, aquela avozona, tudo presta, só não prestam as avós modernas... A vida contemporânea exige de todos um distanciamento físico, os filhos partem para destinos distantes, um mora em Deus me livre, outro na Groelândia, o caçula casou e mora não sei onde. Partem para onde existem melhores oportunidades de ganhar a vida. Os pais modernos, também, quase não participam da vida dos filhos, que são criados em creches ou por empregados. Aquele pai que almoça e janta com os filhos, é exceção ao que o mundo vem exigindo de todos. São raros indivíduos, que podem trazer de volta, um pouco desse mundo antigo. Filhos premiados são esses com certeza! Conheço uma família que conseguiu essa proeza! Houve a opção de não deixar ir embora essa parte boa da vida. Filhos pais e avós vivem numa cidade de aproximadamente 300 mil habitantes, a família não se desfez, pelo contrário aumentou com os agregados, netos, etc. Os que estudaram fora preferiram voltar e exercer suas profissões, médicos, engenheiros, empresários, por perto. São raros os dias em que não ocorrem almoços familiares, com a balbúrdia costumeira Três gerações diariamente no almoço, um sonho para muitos, ali é comum. Mas, quase todos tiveram oportunidade de partir atrás de ocupações com melhores remunerações. Existiu a opção por ficar ganhando menos e ter realmente uma família. Para muita gente” moderna” isso é falta de ambição ou outras besteiras de quem só pensa em ganhar mais. É claro que a opção de ficar perto da família, de morar perto do trabalho, nem sempre é possível, todavia tem muita gente que pode fazer essa opção, mas prefere a modernidade, prefere ver os filhos crescerem sem os pais, aceitam que avós sejam apenas visitadores dos netos. Ser “moderno” ou ultrapassado, como sempre, eis a questão.