Eu queria Amar a Vida
debruçada sobre as Águas!
Mas dobrada sobre a morte,
em raízes enleada,
magoada, fria, dorida,
de falsa-dor, despida,
está minha Guitarra,
de cordas, vencida ...
E eis a Noite! É meu Fado!
Minha lânguida Noite - tecida ...
Meu corpo, alado!
Pálido, singelo ...
P'la dor, violado ...
E onde meu Amor?
Ond'ir?!
Solidão eu sou ...
Tu és ausência ...
Meu chão, por-vir!
Que carência meu Amor!
Que carência ...
E anoitece-me o corpo.
Meu bem - amado!
Meu Fado! Meu Fado!
Meu Ser, vazio, velado.
Intimo - lamento,
jazigo, calado!
Que tormento! Que tormento!
Meu Fado! Meu Fado!
E rasgo a Alma ...
Minh'Alma de Poeta,
sina, presságio,
destino, marcado!
E rasgo a noite ...
Morre o Passado.
Meu Fado! Meu Fado!
Ricardo Louro
no Chiado
em Lisboa
À minha querida amiga e Poetisa, Maria de Lourdes de Carvalho, à Tia Blú ...
Ricardo Maria Louro