Hoje não estou, não me sinto! Não me existo!
Fechei-me na concha, bem no fundo do mar,
Apenas olho em redor e me limito a odiar,
Já que amar não me é possível...desisto!
Desisto de procurar o que sei que não vou encontrar;
Desisto de tentar acabar o que nunca comecei,
O que apenas sonhei e, sem sequer ter, tanto amei,
Tanto desejei, como a lua que deseja o mar!
Hoje não penso, apenas relembro o que já passou;
Não choro, apenas me escorrem lágrimas de dor
Repletas de sonhos dilacerados e feridas de amor.
Hoje não sou eu, sou ninguém que em mim estagnou.
Hoje é como um ontem, como um amanhã
Já tão vivido, sentido, tão perdido e esquecido;
Hoje é uma página branca no meu livro entorpecido
Onde guardava as minhas mágoas pela fria manhã...
Hoje sou o nada, sinto o nada! E o nada é tudo isto
Que vejo, que sinto…que futuramente verei e sentirei
Na vida vazia que levei e forçosamente levarei...
Ontem tentei, joguei e perdi!Hoje...Desisto!