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Tudo o que precisas saber

 
<br />E foi quando me dei conta da injustiça a que te estava a submeter. Amava-te pelo teu ombro incessante que me amparava; pelos teus dedos, que afagando a minha pele, escreviam palavras como “sempre” e “nunca mais”, que ambos compreendíamos o significado; pelas certezas que só a tua mão firme e os teus olhos luzentes, cor de mel, me davam; pelos teus lábios velozes, que quebravam o percurso de cada lágrima minha. Amava-te pela tua munificiência, mesmo após os meus actos corroídos de maldade.
Amava-te demais para ver os teus esforços naufragados na minha luta sucumbida. Não te mereço! Não sou digna de te merecer e, sei que nunca te merecerei, enquanto não estiver incólume da negatividade que me entranha e da satisfação que ela me proporciona.
Amo a tua ausência, porque me permite moldar-te ás minhas necessidades e expectativas. Mesmo que assim, na verdade, não te ame. Apraz-me arquitectar-te, conceber-te á luz dos meus desígnios e idolatrar-te. Sim, apraz-me amar-te, mesmo que de um jeito doentio, na perspectiva de outras mentalidades. Pois é bem mais fácil amar alguém que conhecemos como a nós próprios e gerar reciprocidade, sem nenhuma história anterior, nenhum passado sombrio que justifique todo este mútuo conhecimento. Conhecemo-nos do nada, então! Como que se estivesse predestinado, como que se proviéssemos de uma vida anterior. Agrada-me! Portanto, caso contrário, não te amaria. Isto se realmente te conhecesse e tu me conhecesses. Pois o conhecimento integral abrange vivências, determinadas situações e atitudes que chegando a certo ponto se tornam, por vezes, intoleráveis.
Amo-te assim, porque não estás e sei que não virás. De outro modo, estaria agora a minha mente forjando esquemas, conjurando encantamentos, procurando formas de te afastar novamente. Porque o amor, quando é comprometido, torna-se mais obcecado… Não, não é absurdo! É mesmo assim. Um amor correspondido e partilhado vive sob um céu inexacto, escondendo, a principio, o medo que se apodera da mente. O medo que, mais tarde, dá lugar a desconfianças, a ciúmes e a provocações. Amo-te, assim, com a maior das alegrias, porque sei que és meu… apenas e unicamente meu, porque só eu te possuo desta maneira peculiar… aparentemente insana, eu sei! E repara, não te peço o teu amor, a tua atenção e a tua fidelidade, porque sei que os tenho, basta eu querer-te amar.
Querer é poder. Sim, o é na verdade! Porque o facto de te planear todas as noites, de te almejar pela madrugada e te chorar ao entardecer, me deu o poder de te amar e te sonhar acordada, como nenhum outro alguém.
Sim, sou doida, possuída, demente…tudo o que quiseres! Mas sou eu. Um “eu” que desconheces e que não sabes como lidar. E confesso que nem eu sei. Por vezes, nem eu me conheço. Não me interrogo, apenas obedeço ás demandas do meu “eu”. Seja como for, tudo o que precisas saber sobre mim é que te amo.

 
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Earnshaw
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