Observo cada fracção de pele forjada,
cada cicatriz literalmente vincada
à feição do passado deixado lá atrás,
marcando-me à bofetada audaz.
Tento usar o senso que restou
e conjugá-lo com o alvoroço sentido,
mas seria fingir algo que não sou,
como olhar ao espelho e ver um rosto desconhecido...
Portanto, senso é algo que me é proibido!
As horas e os minutos somam-se e diminuem,
as emoções multiplicam-se e fluem,
as palavras, essas já só se usam por usar,
por vezes, o mais correcto seria mesmo não falar
e deixar o momento acontecer
(já que se diz impossível de prever!)
Confundo-me com o meu próprio pensamento;
as cores fundiram-se e só restou o cinzento;
movo-me involuntariamente em rotações,
páro e retomo um movimento lento,
como que escrevendo ás prestações...
A noção do tempo perdeu-se com o senso
é nestas horas que me interrogo: «porque penso?»
Quando tudo o que deveria fazer seria sentir,
e não parar para pensar no porquê de existir...