Poemas : 

Curimba Experimental I ou Zeca Lango descobre sua missão

 
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Com fogo te criei,
com fogo te batizei.
No caminho desse fogo
eu te manterei.

Para irradiar luz
de Lúcifer e Jesus
por onde trouxeres
o punhal
e sua cruz.

Pássaro de fogo,
mandei chamar você.
Foi tudo bem explicado
pela boca de um erê.

Toca a luz no quiumba
desde os confins da calunga.
Mande rezar Ave-Maria
para clarear o dia.

Quebra o ovo no punhal
antes de por o pé no chão
pra saíres da porteira
e deixar o guardião.

Guardião também te segue
e mesmo que o punhal cegue
não parará teu coração,
nem sangue sairá
pois terás a proteção.

Mas mantenha-se firmado
afinado com teu povo.
Se não tiver a banda,
o que adianta quebrar o ovo?

Cante de olhos fechados
para transmutar o mal
assim tu só pratica o bem
na Curimba Experimental.

Deus é meu pai.
Nossa Senhora das Dores é minha mãe.
Pax Tecum Pax Tecum Pax Tecum.

o galo canta minha ideologia:
A gira é meu despertar
no nascer de cada dia.
A cidade é meu terreiro.

Ovo quebrado,
pandeiro na mão.
Levo a folha da mangueira
para firmar a proteção.
Zeca Lango, com pandeiro
canta com devoção
dizendo:
- Eu não sou santo,
mas sou luz na escuridão.


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Autor
thiagodebarros
 
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