Rezas por uma causa nobre
Ajudas os outros sendo pobre
Pois sabes o que custa viver
Sem dinheiro ter para comer
A tua mão é sempre aberta
E sem pudor a dos outros aperta
Não olhando a preconceitos
Raivas, invejas e outros defeitos
Vives na rua e porquê?
No lixo, comendo o quê?
Mas ao alguém se aproximar
Envergonhado escondes o olhar
Ambicionas apenas sobreviver
Sem a sanidade que resta, perder
Que a violência dos outros em si
… não se apodere também de ti
E a família? Onde vive agora?
O seu filho viu-o ele lá fora
Deu-lhe uma moeda sem olhar
Para ir trabalhar e não se atrasar
A moeda? Guardou-a com emoção
Ao segui-lo na avenida, na multidão
Usava gravata em fato azul claro
Ele? nem banho nem nada caro
Mas sorriu e bem lhe desejou
Quando da vista, ele se apartou
Porque ao emprego chegou
E até ali ficou, ali se sentou
Mais uma vez pensou
Na partida que o Destino lhe pregou
E da família para sempre o afastou
Mais uma vez chorou
Rezas por uma causa nobre
A tua mão é sempre aberta
Vives na rua e porquê?
Ambicionas apenas sobreviver
E a família? Onde vive agora?
Perguntas que a moeda guardada
Sua recordação mais amada
Não lhe sabe responder
Apesar de muito o querer
Mais uma vez pensou
Mais uma vez chorou
Porque nem o filho lhe ligou