a lareira da sala aquece
este frio de estar sem ti
a noite lá fora acalmou
já não ouço o vento na rua
e numa aparente calma
os meus pensamentos
são vasculhados pela tua imagem
não sei se corpo ou se alma
e neste silêncio quase quieto
que grita em mim a tua ausência
vens-me perturbar com a tua presença
como uma vândala que me rouba
tomando conta de de mim em assalto
este meu sossego agora agitado
dentro de mim ficas em imagem
e tentas o dialogo da tentação
para não levares contigo esta ilusão
tento exorcizar-te com os impulsos
vindos do bater deste meu coração
e expulsar-te através das minhas veias
pelas pontas dos dedos de minhas mãos
mas ele quase em colapso já bate fraco
sem força suficiente para te fazer sair
só me resta tentar recorrer aos meus olhos
para que no fogo da lareira
veja o teu reflexo na chama
e poder agarrá-lo com a mão
para coloca-lo a arder dentro de mim
e tentar queimar a tua imagem
que tanto inflama a minha carne
e incinera a verdade da minha alma
parte a imagem fica o reflexo
não sei qual das duas faz mais nexo
a que mais dentro de mim mexe e remexe
a que mais arde e a que mais queima
em imagem ou reflexo aqui ficaste
ainda daqui não partiste
se tens mesmo que permanecer
agitando memórias e recordações
deixa-me ao menos uma vez mais
olhar teus olhos e deixar-te uma rosa
para que me traga de novo o meu sonho
de seres a minha estrela em dia de namorados