MAIS CEDO OU MAIS TARDE VAI FLORIR, ME SINTO SEGURO
Bagos das sementes, mentes das videntes
Na estrada vou seguindo, mudando a saudade de lugar
E quem troca a cor das flores do meu jardim
Hoje não pode falar comigo, talvez amanhã sim
E o amor que vive em mim, tem horas marcadas no meu relógio
Que as batidas do meu coração não concordam
Guardo meus medos atrás da porta, trancados
Não andam comigo, não vivem comigo, estão presos
Quando meu corpo dorme e acorda minha alma
Então sonho como sonham crianças
E encontro morada segura em outra pessoa
Que se segura em mim, sou a pessoa da outra
Menos pessoas encontro e mais gente eu vejo
No meu jardim, planto o amor, verde ou maduro
Mais cedo ou mais tarde vai florir, me sinto seguro
Se acredito ser o terceiro, me acabo primeiro
E ainda cobro dos meus passos a direção dada
Pro meus sonhos, sonhando busco o futuro, inocente
Pois, quem maltrata, arrasta e mata é o passado
Quem condena é o futuro e no futuro a liberdade, o perdão
Silenciosamente, silenciosa mente, calmamente, calma mente
A folha se despenca, desliza no vento, inocente vento da vida
Que pensa fazer o tempo parar e folha cair,
Inocentemente, inocente mente
Cai dançando como poemas bêbados
Passarinhos, passando sem cantar
E alegremente, não fico triste:
Alegro mente.
José Veríssimo