Poemas : 

Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tremendo

 
.
.
.
.
.
.
.............................
*****************************

Ouvem-se ao longe os longos prantos das nuvens despojadas de piedades.

Rios galopam inundando medusas mares inquietos
Silêncios
Sem o calor do ventre germinado ou o voar sem rota
Da borboleta pelos cantos das constelações escondidas.

Pudesse eu recriar as cousas no real atento
Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tremendo
As palavras excessivas recusam a morte
Os encontros marcados sem data

Afugenta-se o ar que me circula
Incessante
Por entre alguns espaços desertos que restam Sobrevive
O teu perfume que hoje me inquieta
(Ainda? Perguntar-me-ás) e os Caminhos
Só porque o peso leve da folhagem se extinguiu
Perdem-se pelas recém-criadas ondas num canto
De mar algures.

Da memória que resiste

Renova-me.

Eis-me aqui.


(Ricardo Pocinho)


"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
Autor
Transversal
 
Texto
Data
Leituras
1612
Favoritos
2
Licença
Esta obra está protegida pela licença Creative Commons
38 pontos
22
0
2
Os comentários são de propriedade de seus respectivos autores. Não somos responsáveis pelo seu conteúdo.

Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/02/2014 18:53  Atualizado: 10/02/2014 18:53
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
e aqui deixas, para nosso deleite, os teus versos de primeira qualidade. parabéns, Ricardo.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/02/2014 18:56  Atualizado: 10/02/2014 18:56
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
Só há uma coisa a fazer diante de tão belo texto: APLAUDIR! APLAUDIR!

Parabéns!

braços,

Anggela


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 10/02/2014 19:30  Atualizado: 10/02/2014 19:30
Usuário desde: 03/09/2012
Localidade:
Mensagens: 18165
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
Parabéns Poeta!
Poema de um encanto indecifrável! Beijos!
Janna


Enviado por Tópico
MarySSantos
Publicado: 10/02/2014 19:53  Atualizado: 10/02/2014 19:53
Usuário desde: 06/06/2012
Localidade: Macapá/Amapá - Brasil
Mensagens: 5849
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
teus poemas dizem-me tantas coisas que não sei falar
mas me fazem sentir desagues de cachoeira
e o leve planar de uma folha rente o olhar.

bjo


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/02/2014 20:59  Atualizado: 10/02/2014 20:59
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
Palavras que se encontram, que se perdem na mais pelna sabedoria, lindo demais


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 10/02/2014 22:59  Atualizado: 10/02/2014 22:59
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
(neste exercício de palavrar que me atira
para aqui...
que urge)


por todos os ainda

floridos
pelas memórias
sei que é sob os pés [de quem?]
o ainda, o mesmo
abismo que me sibila o nome que é seta
no caminho

mas não
resisto
tenho de resistir
ao fim que me suga
gritando depois do eco
ainda

apalpo o vazio
estendo o passo
em frente
anulando o vazio
sob os teus pés


e se assim fosse
sentirias o perfume
ainda?


]não sei se era este o agora
ou um ainda... [


Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 11/02/2014 01:18  Atualizado: 11/02/2014 01:18
Colaborador
Usuário desde: 23/06/2011
Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
Boa noite Ricardo, seus versos perfazem uma abrangência holística da vida real, e dos seus contornos subjetivos, parabéns pelo seu eloquente poema, um grande abraço,MJ.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 11/02/2014 11:21  Atualizado: 11/02/2014 11:21
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
' Da memória que resiste ', sobrou-me apenas teu olhar querubim, teus versos mareados e as vagas espumosas da nossa solidão. O sol olha a lua e já não sei se parto ou se ajoelho-me na areia na espera de um aceno ou a carícia dos teus ventos. Sinto saudades dos teus aromas na minha pele de pêssego, os caminhos que traças com teus dedos de cetim e as palavras degustadas na junção carinhosa do teu mar no meu rio...'Da memória que resiste', não há fim.

Beijos e beijos

Karinna*


Enviado por Tópico
ÔNIX
Publicado: 11/02/2014 11:59  Atualizado: 11/02/2014 11:59
Membro de honra
Usuário desde: 08/09/2009
Localidade: Lisboa
Mensagens: 2683
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
Um poema com imagens fantásticas, que me levaram por instantes para lugares incertos mas verdadeiros.

Um prazer a leitura do seu poema.

Abraços


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 13/02/2014 02:54  Atualizado: 13/02/2014 02:54
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
inquietante como pimenta 'dedo de moça'.
e sabes o fazer assim. eu? admiro...


Enviado por Tópico
Lau'Ra
Publicado: 12/03/2014 21:02  Atualizado: 12/03/2014 21:03
Muito Participativo
Usuário desde: 27/08/2010
Localidade:
Mensagens: 60
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
Nada há mais a fazer do que beber de um só golo esta poesia e deixar toda a essência da "memória", tão bem descrita, entranhar-nos, como se o poeta a tivesse materializado e a fosse possível sentir com a ponta dos dedos.
Leio este poema tarde, mas agradecida de o encontrar.
Obrigado por partilhar!

Abraço-o.

Enviado por Tópico
RayNascimento
Publicado: 18/05/2014 20:44  Atualizado: 18/05/2014 21:19
Membro de honra
Usuário desde: 13/03/2012
Localidade: Monte Roraima - tríade fronteira Brasil/Guyana Inglesa/Venezuela - - Amazônia - Brasil
Mensagens: 6573
 Re: Dos teus gestos que o olhar agarra pelo Solstício tre...
Nuvens despojadas de tempo
No silencio vejo o teu sorriso
Talhado de riso em meu olhar
Voando na rota do vento
Vislumbrando o horizonte
O azul do céu e o verd'mar
Da insônia que me deixa dormir
No teu colo aquecido
Nas plêiades que aparecem
Com a aurora boreal
Na lapide d'alma
Fenecida e resguardada
De sentido
Deixando habitar
Teus dedos curtos
No corpo dantes silenciado
De mistérios do espelho
A fuga da luz do olhar
No solstício de palavras
Pendurando letras adestradas
No varal d'alma no ar
Que alimenta o corpo
Furtivo da escrita
Que dedilha o desejo
Sem pejo,
Renovo-te
No rio que inunda de desejo
Em gotículas de orvalhos
Nas mãos as tintas
Que pintam teu corpo nu
Na memória da m'pele.

Ray Nascimento

Fonte: http://www.luso-poemas.net/modules/ne ... ryid=270336#ixzz326WvjgjV