Sim, o homem é o seu próprio fim. E é o seu único fim. Se quer ser qualquer coisa, tem de ser nesta vida.
Agora sei, aliás, que embora conquistadores falem algumas vezes de vencer e de exceder, o que eles querem sempre dizer é «excederem-se».
Suponho que sabem o que isto quer dizer. Em certos momentos, todos os homens se sentem iguais a um deus. É assim, pelo menos, que se diz. Mas isto vem do facto de eles terem sentido, num instante, a espantosa grandeza do espírito humano.
Os conquistadores são somente aqueles homens que sentem a sua força, o bastante para terem a certeza de viver constantemente nessas alturas e na plena consciência dessa grandeza. É uma questão de aritmética, de mais ou de menos.
Os conquistadores são os que podem mais. Mas não podem mais do que o próprio homem quando ele o quer. É por isso que eles nunca deixam o crisol humano, mergulhando no mais ardente da alma das revoluções.
Albert Camus (1913-1960),escritor e filósofo franco-argelino, in "O Mito de Sísifo",