A ordem, soou agressiva e cortando como navalha na
orelha do detido. Confuso e assustado e, sem
entender o porquê da detenção, ainda conseguiu
forças para indagar da razão.
-Cale-se! -e, a resposta, foi outra picada no
ouvido do infeliz.
Revistaram-no. Estava desarmado. Era, portanto, um
imbecil, aquele que já coberto da noite, de tal
jeito foi encontrado. Mas, era um homem bom e
trabalhador. Provou-o, mas foi convidado a ir até
ao distrito para explicar melhor o que fazia
naquele local, àquela hora da noite. E, lá foi
ele, naquele carro que ele ajudara a comprar e que
ele ajudava a manter, preso por guardas que ele
ajudava a pagar.
Que foi, mesmo, que ele fez?
Nada! Nadinha!
Mas, se ele não fez nada, já os guardas, que
precisavam fazer alguma coisa não iriam perder a
ocasião e, por isso, o levaram. Horas depois, era
dispensado e advertido que tivesse muito juizinho!
E, bem que ele precisava! O caso que motivou a
detenção, é que ele morava naquela rua e ao chegar
a Raio-patrulha estava escarafunchando a fechadura
que fechara tão dura que não queria abrir de jeito
nenhum. E, assim, mete chave tira chave, abre que
não abre...não conseguiu entrar em casa para
repousar mas entrou no carro para passear. Até aí,
tudo certo. O único reparo, é a falta de polidez
policial, uma vez feita a identificação.
Em casos como este, o individuo detido, sendo
devidamente tratado, até regressaria mais
confiante e agradecido à autoridade. Mas, assim,
não! Sai revoltado e, diga-se de passagem, com
muita razão. Depois, ele, que vê autênticos
suspeitos por toda a parte, fica magicando que
ajuda a pagar só para o andarem molestando. Não é
assim, é claro, mas a coisa precisa de um bom
reparo!
Em boa verdade, para haver uma boa polícia, tem de
existir uma Justiça que prestigie os seus atos.
Afinal, o policial, também é gente! E gente boa,
salvo aquelas excepções que só podem atingir o
comando da organização e não os seus bons
componentes.
Falta à polícia, garantia judicial, em razão da
separação do homem e 'o que está dentro dele', e,
outras separações que prejudicam a missão
policial.
Em qualquer País adiantado, a polícia é proteção;
é auxílio garantido e todos a olham com olhar
agradecido. Só não gosta do policial os fora da
lei. Um Povo desunido, por egoísmo e ignorância
(para não dizer pior) dificulta a ação da polícia
e facilita o desenvolvimento de elementos
negativos. É isso o que se vê. Por sua vez, a
Justiça, que é muito "bondosa" complica ainda mais
a ação policial. E, depois, diz-se que a polícia é
má! De facto, podia ser melhor, mas esta de que
falamos, se não é boa, é pelas razões atrás
expostas.
Que o poder judicial seja limpo das teias que lhe
turvam a mente; que a polícia seja composta de
gente honesta e decente e que o Povo seja mais
unido e menos egoísta e, então, veremos que tudo
ficará diferente!
E não se esqueçam, podem crer, que a polícia,
vista por outro prisma, é sempre uma resultante do
Povo e da Justiça que se tiver!!
J.Barreto