No passar de meus dedos, pelos teus cabelos,
Perde-los aí; como que emaranhados novelos,
Que te cobrissem o rosto e eu lhes desse vida,
Que é toda aquela que, incólume, te é devida;
E olhando os traços, de teu rosto, enfim, vê-los,
Como suaves rios, em grandes barcos trazê-los;
Sentir tua pele na minha e sabe-la já perdida,
Era tudo que eu mais queria, da flor aí nascida.
Ah, mas nem o pintor, mais destacado, ali daria,
Por terminada, sua obra! e se fulgor houvesse,
Por acabar ficaria sua arte, que nele não caberia,
Destreza tamanha, para te pintar completamente.
E mesmo que o artista tentasse e até soubesse,
Nem por tentativa, erro, eras tu verdadeiramente.
Jorge Humberto
30/12/07