Tanto se falou sobre o amor
Que atinge do pobre ao Sr. Doutor
Que Jomad resolveu ir investigar
Para depois a todos puder contar
Começou pela sua própria vizinha
Uma linda menina que vivia sozinha
Recebia senhores para os amar
Só intrigou eles terem de lhe pagar
Mas devia ser o amor certamente
Pois todos a beijavam solenemente
E não se beija assim qualquer gente
Havia ali chama de amor ardente
Mas a vizinha do apartamento ao lado
Tinha uma opinião bem diferente
Chamava-lhe mulher indecente
Desde com ela o marido tinha encontrado
Jomad rogou às chuvas divinais
Que lhe caíssem pela face abaixo
Se não conseguisse do amor aprender mais
E elas bem lhe caíram em cima tal copioso riacho
Tornou-se por isso boémio poeta
Queria do amor ser seu profeta
Mas uma insólita e macabra descoberta
Deixou-o tombado de boca aberta
O amor apenas vivia na poesia
E nunca de lá ele sozinho saia
Visto que estava a ser fiscalizado
Eram as finanças que o queriam taxado
Mas se taxam agora o amor
O que farão depois à dor
Será que por cada ai que eu soltar
Terei que o meu salário penhorar?
Finalmente Jomad suspirou aliviado
Pois felizmente estava desempregado
E assim das Finanças por agora imunizado
Com a vacina que a pobreza lhe tinha dado
Para concluir a investigação
E chegarmos à brilhante conclusão
Jomad deixou a boémia e a casa voltou
E o amor? Nunca mais ele o encontrou
Dizem que foi um carro que o atropelou
Deixou-o caída na berma sem o socorrer
É o que dá conduzir depois de muito beber