É já sem vontade
que fico vidrado na janela
olhando a cidade
coberta da luz amarela
É dia. Podia ser noite, não importa
O que importa é o momento.
São as ideias que me batem à porta,
o que importa não é o que lamento
e é ao que não estou atento,
que prego a minha atenção
no que me fascina e domina
que me faz esquecer qualquer sentimento
e me deixa perdido na precepção
e num sopro...termina.
Era só um largo, simples o bastante
que de tão vazio me cativava
que era de jurar que me chamava,
e de uma forma silenciosamente gritante.
As árvores acenavam ao sabor do vento
os carros cintilavam atempadamente
o tipico lixo no chão num lento movimento
e eu fixado, a esvaziar a mente.
É neste típico instante
que alguma coisa acontece
e sem que este seja excepção
é num momento já distante
que noto que já anoitece
seguido de um enorme trovão
Acordado dou por mim,
sem saber a quantas estou
é já noite,enfim...
voltei a ser o que sou.
Por momentos não fui eu
colado ao que a natureza me ofereceu.
Cambaleando pelas ideias escrevo
Para não fugir ao que devo
O trabalho por mim chama,
e lá ao longe avisto a cama.
São momentos de ilusão como este
que dariam a verdadeira canção
que daria para embalar a desilusão
para que alguém outrora conheceste
ao perceber que anoiteceste
já sem luz, chora em vão.