Aquilo não era urgente, mas necessário
Então, o barco zarpou... Acordei no mesmo momento,
não senti o que se passou. O clima continuava ruim,
havia pranto, tanto lamento, tudo continuava assim,
encastoado em cadeias de vinil mesmo nestes dias de calor.
Apenas mascarado na gaiola azul anil,
fugindo de chamas roxas buscava lenimento,
nos sentimentos altruístas do exterior
Nos subterrâneos da rocha a desmoronar
já não era mais possível sonhar
deitado nos beliches, debaixo dos celeiros,
nem vestindo uma indefectível boina tricolor.
Quando eles soaram as buzinas queria ser o primeiro,
rascunhando nas noites orações, tecendo veleidades
olvidando célere tudo que antes eram realidades.
Se for assim, que seja então,
a camisa encharcada, bem vinda solidão,
indicadores imprecisos de reles ponteiros,
mesmo durante o decorrer daqueles anos
estavam certos, uma certeza havia sob a lua:
a fachada vigorosa refletia luminosos da rua,
um rosto, aquela mulher, o vento e todos os humanos.
Enquanto naquele verão, despreocupado, lia jornal,
memorável sensação de leveza, tanta suavidade,
deixando que flores crescerem sob segredo mortal
dissemos adeus, as mãos congeladas na grade,
perdidos em meio aos arranha céus altissonantes,
mirando em decúbito velhos retratos trovejantes.
Naquele emaranhado de túneis de tons desbotados
discutimos sobre a natureza, sobre o triste fadário,
tudo que mais exigia atenção, sabíamos estar destinados,
com certeza, aquilo não era urgente, mas necessário.