As Duas Flores
Que cena triste que eu vi,
Num leito de um certo rio.
Estava quase transbordando,
E em suas águas ia levando
Uma flor que nele caiu.
Descia o rio que descia...
E, aos trancos levava a flor,
Que, ao fundo dele descia
E de vez em quando emergia,
E chamava pela outra flor!
Que, a distância assistia,
Dependurada num ramo.
E quando a flor ressurgia
Gritava: Também te amo!
Eis que em dado momento,
Aquela na curva sumiu.
Esta, pediu para o vento,
Que aliviasse seu tormento
E a jogasse no rio.
E, ao ouvir tal pedido,
O vento se pôs comovido
E depressa a atendeu.
E com sua mão invisível,
Com todo cuidado possível,
A flor, às águas desceu...
Esta, se foi correndo,
Em busca da amada flor.
Foi boiando, sofrendo açoite,
Mas foi só na boca da noite
Que encontraram-se, mortas de amor!
Roberto Jun