Não iriei esquecê-lo.
Eu quero me lembrar. Irei me lembrar. Também quero que a imagem do seu belo rosto seja a proteção que meus olhos necessitam contra toda essa claridade que minha situação nos deixou.
Não quero que acredite que deixei de amá-lo. A cada esquecimento meu. A cada apagão de memórias. A cada fuga da minha alma, que escapa de mim como uma brisa fria. E covarde. A cada uma, meu amor, acredite que haverá um retorno. Eu retornarei para você.
Imagine-me em uma corrida comigo mesma. Estou dez passos atrás e tenho toda essa saudade que pesa em minhas costas. Muitas vezes eu não chegarei a tempo de evitar suas lágrimas. Muitas vezes eu o confundirei e muitas e muitas outras vezes eu não estarei aqui.
Definharei, mas serei forte por nós dois. Não peço que desista de mim. Peço apenas que não desista de você. Torno-me a cada passar de tempo mais egoísta. Eu não quero deixá-lo ir. Escuto o chamado da morte, mas não abro a porta. E ela me pune, arrancando de mim, torturante, sua existência em minha história.
Jurei não fazê-lo sofrer. Prometi a tantos que o faria feliz. E o fiz? Tenho uma batalha interna, mas no fim eu perderei a guerra. Perdoe-me. A cada golpe, as cicatrizes revelam-se em você. Não estou sendo capaz de protegê-lo desse silencioso inimigo que se apoderou de mim.
Ando tão cansada. Estou com tanto medo. As palavras fogem de meus dedos antes que as escreva. A luz existe. E uma única vida seria pouco demais para aplacar todo esse amor que sinto. Então olhe para mim, que ao me ver no reflexo dos teus olhos, eu poderei ter certeza, enfim, que eu fugi de mim mesma, para morar em você.
Gisela