Meu corpo labutou pelos anos afora,
O cansaço físico é tônica da velhice,
Hoje ando trôpego e, mesmo sem calvície,
O tempo consumou em mim sua esmola.
A consciência amadurecida ainda é jovem,
Raciocínio criativo dum ancião adolescente
Que opera a vida e tudo na realidade sente
E até lúcido contempla, no orvalhar, o pólen...
Vivo amiúde a criança que habita em mim,
A mente sobrevive sem adereços e bengala,
Tudo e todos são arrimos legítimos da tara
Que não me caduca e comigo vai até o fim...
Os pelos grisalhos impõem o senil respeito
A um indivíduo que sonha, vive e é perfeito!