O tempo envelheceu minha pele, minha estrada
O tempo amarelou meu retrato, meu amor
O tempo rasgou meu terno, minha camisa
O tempo mudou o leito do meu rio, secou minha sede
O tempo tirou meu sono, minha tinta, minha lida
O tempo não entendeu meu sonho, sonhou por mim
O tempo comeu meus dias, minha alma, minha calma
O tempo desde criança me acompanha, me vigia
O tempo não entende nada, diz saber de tudo
O tempo não tem dono, diz saber onde estou
O tempo não me pede e me leva onde não quero ir
O tempo não tem tempo, o tempo não pensa nada
O tempo não empresta nem um segundo a mais que preciso
O tempo não é tempo meu, corra, leva esse tempo de mim
José Veríssimo