Talvez o inverno umedeça
As regiões do meu corpo
E, finalmente, eu possa chorar...
O verão não dá tréguas,
O calor me esquenta o cansaço
E as lágrimas secam, sem arrepios...
Lembro que no último outono
Com as folhas espalhadas pelo chão,
Um vento meio frio sussurrou-me
Que a esperança está enferma
E soluços brandos arrefecem
As perspectivas de um sorriso...
Quiçá a primavera alente o tempo
E através do perfume das flores
Eu possa sentir o odor da alegria
Abafando o pranto e elegendo o riso
Como bálsamo para sufocar as dores,
Só assim é que posso pleitear
Segundos, decerto, da felicidade efêmera...
Eis a vida diante das horas:
Tudo se transforma por encanto!