Agradeci o comentário que me fez
dizendo haver muito mais por ler,
Esqueci o horário de uma só vez
eu e ela, estava mesmo a acontecer,
Disse que a tinham surpreendido
com um texto que havia publicado,
E eu fingi não saber do sucedido
enquanto ficava corado deste lado,
Disse-lhe ser o médico no cuidar
dos nós consequentes do seu após,
A intenção era fazê-la acreditar
que no amor nunca estamos sós,
Enquanto completava a resposta:
'Identifico-me com o que escreves'
Tinha na mente uma serenata composta
por leves levitações breves,
E acordava quando me questionava:
'Meu Deus, como é que te atreves?
Como surge alguém assim do nada
e destrói todas as minhas greves?'
Nervoso tirava a tampa da caneta
e metia até perceber o sinal,
Se a minha escrita era paixoneta
a dela era descarga emocional,
Completa dizendo ser com luz
a sua forma preferida de escrever,
E se a sua fotografia já me seduz
imagino a sua silhueta a aparecer,
Tento dispersar e decido enviar
uma imagem para que ela analise,
Desejando que nos faça avançar
para a paisagem antes que paralise,
Aí ela veria um mundo cor-de-rosa
pronto para nós com dois bancos,
Onde começaria a relação amorosa
até ao dia dos nossos cabelos brancos,
A imagem foi deveras devastadora
porque algo havia terminado,
E mesmo sendo muito encantadora
algo para ela não tinha funcionado,
Preto no branco, eu fui franco
quando estendi a mão para a ouvir,
E num solavanco vi em um banco
a inclinação que estava para vir.