Arrepiei-me toda, quando de manhã saí para a rua e vi um gato branco abandonado à sua sorte. Agora me lembro, que muitas manhãs, o ouvia miar junto à minha janela. Só não sabia que era branco. Quase todos os gatos abandonados, são da cor da fome que os traz ao colo.
Esta desordem matutina por não saber distinguir os sons dispersos noturnos. Muitos, são ecos desalmados a esburacar os tímpanos, de quem tem desconfigurados, os sentidos todos. Depois as manhãs surgem assim, num dualismo que consente misturar o passado com o presente. Mistura-se o preto no branco e quase sempre sobressai mais o negro. Até parece que a noite solidificou de repente e não deu lugar ao dia.
Tudo é um bloco de gelo, e dentro dele, o nevoeiro.
Tudo se move em direção ao rio.
Amanhã, é um outro dia, talvez…
Dakini - Eventos 2014
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