Poemas : 

Frenesim

 
caneta selvagem percorre a folha virgem
num incontrolável movimento
num espasmo impulsivo
num espaço incoerente

inspiração solta e desobediente
foge desesperada ao pragmatismo
dogmático da matriz

escravo da liberdade quebra correntes
sem respeito por mestres regras e métricas

teorema da mágoa
geometria de uma alma assimétrica

viagem sem ponto de partida

nunca pára nunca pára nunca pára

luta sem tréguas em busca do fracasso
entre o raciocínio sentimental e a loucura razoável

paz inexistente procura no fundo a harmonia da forma

febre de imagens imperceptíveis e fugazes

fome insaciável de metáforas improváveis

escroto escrito

ninfomania do coito lírico
queimando no gelo de um inferno idílico

pesadelo agradável acorda no susto de um sonho

rosto de um sofrimento risonho
banhado na água seca de lágrimas alegres

verdade mentirosa ouvindo a mentira da verdade

numa só palavra

POESIA

poeta que queres tu
deixar escrita a tua marca no mármore do tempo
ou ires a tempo de ouvir os aplausos do público

nesse mundo pálido não há lugar para ti
coração inválido atrofiado estropiado e partido

incompreensão
sepulcro
esquecimento
túmulo

 
Autor
Minhoto
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