Poemas : 

Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta

 
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Perduram desassossegos cansaços tiranos
Que me cobrem sem afogar. Penso-te olhando
As crinas onduladas do mar em êxtase sem final
Por perto sobrevivendo sem a cor sempre
Constante da morte pela noite assombrada. Reconto
Os passos em volta circundando falsas pegadas irreais
Pelas veredas recentes desembocando nos promontórios
Pontiagudos feitos falas da morte, ou dos lírios. Destes mares adentro
Solidões tão longínquas como passageiras
Resvalam velas sem destino e as mãos fechadas
Sem calor de tanto sal que as cobre apontam algures
Cidades em ruínas. Cais destroçado por furacões.
Vento que arrasta parte das procelas
Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
O mar tudo devolve. Assim me sobrevivo rindo dos absurdos

Lembras-te? Apenas as sombras se tocam
Enquanto os corpos suados já fétidos
Libertam as asas pesadas de tantas migrações.

Que fiquem as grandes muralhas do amanhecer
E o beijo da despedida

Ou do regresso

Já nem sei.

[Fica].


(Ricardo Pocinho)


"Floriram por engano as rosas bravas
No inverno:veio o vento desfolha las..."
(Camilo Pessanha)

http://ricardopocinho.blogspot.com/
ricardopocinho@hotmail.com

 
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Transversal
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/01/2014 10:10  Atualizado: 22/01/2014 10:10
 Re: Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
(quando?)

... fica-se
temendo a noite
quando nos apavora
partir

e se ficar é só isso
permanecer
é mais
é sair
nunca cortando as raizes
é não estar
fazendo crer que não se quer ficar
quando se ficou.

sombrios pensamentos
retidos pela sombra dos sorrisos
afinal
fictícios.


Sorriso


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/01/2014 11:49  Atualizado: 22/01/2014 11:49
 Re: Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
Sempre fica algo de bom ou ruim nas espedidas e regressos, tomara que fique algo muito bom, nos regressos todos, Admiro-te poeta do sol... Sempre iluminando, iluminando,



Belo, boés. Parabens sempre.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 22/01/2014 13:08  Atualizado: 22/01/2014 13:08
 Re: Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
**
tantas são as despedidas
como são os regressos
a alma resvala na beirada da tua
na intersecção perene
das nossas sobreviventes luas

então um beijo estala na onda
sou-te adeus na proa
sou-te regresso na cantoria
das ninfas em loas...

e o olhar jade é só um detalhe
não sei se fim ou começo
migram meus abraços
na revoada dos pensamentos

não quero te pensar
o mar açoita meu querer-te
à deriva- corpo e mente-
entre ser-te ou ter-te

e o mar é só um verso renitente.


K*

beijo


Enviado por Tópico
Migueljaco
Publicado: 22/01/2014 13:38  Atualizado: 22/01/2014 13:38
Colaborador
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Localidade: Taubaté SP
Mensagens: 10200
 Re: Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
Bom dia poeta, nada possui tamanha dramaticidade em nosso sujeito, como os afetos, queremos com receios, e mesmo desconfiados queremos, e assim a vida vai passando, e a maioria dos nossos planos amorosos não saem da incubadeira mental, parabéns pelo contundente poema, um grande abraço, MJ.


Enviado por Tópico
Jmattos
Publicado: 22/01/2014 15:44  Atualizado: 22/01/2014 15:44
Usuário desde: 03/09/2012
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Mensagens: 18165
 Re: Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
Amigo Poeta
Parabéns! Poema excelente!

Solidões tão longínquas como passageiras
Resvalam velas sem destino e as mãos fechadas
Sem calor de tanto sal que as cobre apontam algures
Cidades em ruínas. Cais destroçado por furacões.
Vento que arrasta parte das procelas
Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
O mar tudo devolve.


Trecho marcante, triste mas inspirador! Levei!
Beijos!
Janna


Enviado por Tópico
Vania Lopez
Publicado: 23/01/2014 01:59  Atualizado: 23/01/2014 01:59
Membro de honra
Usuário desde: 25/01/2009
Localidade: Pouso Alegre - MG
Mensagens: 18598
 Re: Cousas sem destino perdidas na preamar indistinta
... e quando ser tua fã se torna pouco.
nem sei o que falar. levo como meu. obrigada...