Finalmente o advento
Uma nova Era acontecia
No corpo agora flácido
O oposto do seu princípio
Almas em debandada
Quebraram a corrente
Há Epifanias em movimento
Consumiam-se estrelas no seu leito
Enchiam-se colos fechados
Há um ciclo aberto num novo espaço
Cabem nele as primeiras horas do dia
Ainda flutua, mas lentamente se esvai
Eis que perto da alvorada
Se perpetua, ao acordar num olhar baço
Chegou a ter visões do futuro
Nas erratas imaginárias
Caiu num buraco sem fundo
No tempo, criou um novo espaço
Escancarou a dor
Espraiou-se em ondulações frenéticas
Já se ouviam nas ruas, lamentos chorados
Corriam rios. Secavam as nascentes
Era a nova era sem lei
Finalmente o inverso
Quando no corpo se ouviam gemidos
Do quebranto continuado
Enguiço enjeitado pela nova ordem do mundo
A cruz maior dos moribundos
Calaram-se todas as vozes
Em todos os sensos vivos
Há uma janela fechada
Chovia lá fora. Era uma chuva miudinha
Os ruídos de fundo colaram-se
Ao trinar duma guitarra
Que chora, ainda pela noite fora
ÔNIX 2014