BREVEMENTE
Deixar-te, brevemente, que tristeza!
Separar-me de ti, por toda a vida!
Vergado ao bruto peso da fraqueza,
Terei de vacilar, na despedida!
Envolto em trevas, pobre coração,
Nem lágrimas terei… como chorar?!...
Tão distante de ti, numa prisão,
Que tem por grades um imenso mar!
Depois, lá no exílio, tão sozinho,
Aquela terra, longe, onde nasci,
Saudoso, evocarei aquele ninho,
Que sonhei, porem nunca construí!...
Serei defunto errante, numa terra,
Que sei me irá negar a sepultura!
Se isto é delírio, que a minh’alma encerra,
O amor irretribuído é desventura!...
É forçoso partir, sem protestar:
Pois de que valeriam minhas queixas?!...
Se já és doutro, para quê lutar?
Adeus, cruel amor, que assim me deixas!
Dois anos: tu na minha companhia;
O mesmo tecto a ambos abrigou!
Ouço a voz do destino, seca e fria:
-O teu secreto idílio terminou.
Trôpego, vagarei, sem confiança,
Num labirinto incerto; oh, Deus, que medo!
Sei lá o que me traz esta mudança!
Possivelmente3e o mais atroz degredo!
Deixa-te, enfim, aquele que sonhou…
Adeus, catástrofe da minha vida!
Aquele que em silencio te adorou,
Não deixará de amar-te; adeus, querida!
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