Meus ouvidos se tornam toscos diante da surdina
Que vocifera grilhões numa sociedade masturbada
Pelas cantatas sinfônicas que fazem das encruzilhadas
Palcos onde leis apócrifas dominam as esquinas...
Meu olhar se turva perante esta obesidade
Que não alimenta a verve de que o social precisa,
Mas incha de gordura todos os mananciais de pesquisa
E traduz fraudulentos retratos que mapeiam as cidades.
Maquetes que dão às ruas aparência de grande porte,
Mas que escondem furtivamente o selo de uma sorte
Que são pelourinhos maquiavélicos de assaltos e drogas...
Meus pés estão fadigados pela correnteza do apontar,
Minhas mãos dormentes caem ilesas pela força do ar
Que esculpe molduras de coletividades retrógradas!