“ Se acaso o tempo de perder lhe chega,
Rebenta em pranto e triste se excrucia,
A fera assim me fez, que não sossega;
Pouco a pouco me investe até lançar-me
Lá onde o sol se cala e a luz me nega.”
A Divina Comédia - Inferno - Canto I
Emudeceram as palavras, reinou o silêncio, o som morreu,
levantando os olhos, em volta tristeza e medo que sente;
todos os reais sentimentos foram embotados de repente,
alma rasgou-se das obrigações, ali nas veias fogo correu.
Um mundo novo não viria maravilhosamente como imaginou.
Antes de dormir, fechou os olhos cansados, ar deletério,
chegando a vê-lo cobiçado numa fantasia profética sonhou,
antes que tudo mergulhasse no estranho nevoeiro etéreo.
Então se curvou, com tanto pavor no olhar tão tristonho,
como se não existissem guardiães celestiais daquele sonho;
agora amargo arrependimento a tudo que sonhara conduz.
Coroas de raios refletiram no arco iris em gris tenebroso,
sentiu o espírito abatido, mártir de terrível inferno vicioso:
- Não era noite e nem dia, não havia trevas. E não havia luz.
[assim foram todos os dias]