"... quem me deu o direito à vida para desfrutá-la
...deveria ter-me dado o também o lenitivo..."
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carta antiga
Vi, espantado, por mais uma vez
um dia surgir após outro,
meditando sobre a existência amarga!
Quem me deu o direito à vida para desfrutá-la
e o livre arbítrio para buscar outra coisa
deveria ter-me dado o também o lenitivo,
bálsamo milagroso a curar meus temores.
Sei que apenas o tempo vai curar minha alma,
ela está definhando como encerrada numa gaveta.
Vivo de esperanças como a ler cada linha
de uma carta antiga intempestiva entregue:
- alegra-me os olhos, enche-me de esperanças
somente a vista à letra familiar.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."