Abranjo no meu peito em exílio
a amargura dos Poetas que se espalha e se apruma,
qual espectro que vai-e-vem, volta-sem-sentido,
sinto que me dissolvo nessa bruma ...
E minh'Alma, num breve, quão breve, se esfuma!
E fica num longínquo tremor
como se a asa alvíssima d'um Anjo
perdesse as penas brancas, uma-a-uma ...
Mas vou! E rasgo a noite com as mãos,
rasgo a saudade que me embrenha,
escrevendo versos sem sentido em dias vãos!
Instante de exílio incolor onde o Ser
já nada sente - e mente: louco - demente ...
Ai, meu pobre e velho instante sem amor ...
Ricardo Louro
no Estoril
Ricardo Maria Louro