Minha fronte nua a beira de um espanto
Espetáculo infantil de um olhar ausente
Preso no silêncio escuro e em pranto
Aceita em tempo o seu ente presente
Fragmentos mil, em ruínas seu encanto
Desanuviando um corpo nu e carente
O disfarce que lhe escorrega o manto
Real que visível me aparece à frente
Sonhos virgens perpetuados na ilusão
Do regresso que se faz, além e infinito
Quando diverge com a voz do seu grito
Ecoado no poema ausente de paixão
Em que os versos anestesiam o espírito
Mortificando as lembranças no escrito
Murilo Celani Servo