Pelados de Mafalala para corridas rápidas
Triunfo alvo reluzindo no atraso dos jornais
Pela causa redonda do couro impermeável
Mas vermelha era a carne e o teu destino
Que se antecipou à guerra em contramão
E isso bastou para que partisses.
Receberam-te triunfadores do balneário
Sr. Águas e Sr. Coluna, essa espécie de padrinho
E a ilusão com sua grossa voz nomeou-te.
Os golos consagrados já cantavam em lusitana voz
Eusébio! Depois Eusébió! Ainda Euseibiu!
E defronte “La Saeta Rubia” e o “Major Galopante”.
Eram eles que ali estavam no teu balançar das redes
Tua força a arremeter em divinas portas
Vitória! A Europa branca a teus negros pés!
“Pantera negra” gritou-se na origem dos jornais.
E no fulgor da glória que perdeu muitos homens
Um gesto instintivo de memória pelo ídolo já igual.
Benfica! Portugal! Palavras então tão badaladas
Na “pop culture” cerrada dos anos sessenta
Catadupa de finais, bola e botas de ouro,
Todo um símbolo de um Portugal triste e em guerra,
Que te acreditava como a um king magnânimo
Que não esqueceu nenhum sorriso português.
Com as quinas ao peito foste o magriço eleito
Para desfazer em prol dos nossos heróis
O equilíbrio de contendas bem difíceis.
Pela honra de casas que só dispunham de sardinhas
Desagravados de Coreias e lágrimas, vinham as alegrias
Que o tempo das velocidades não pode esquecer
Pudesse um homem parar todas as guerras
Diminuir o esplendor vaidoso dos impérios
Adocicar o fragor competitivo em olimpismo puro
Então esse humano serias tu, um deus do “fair play”
Os relatos dos teus jogos adiavam os combates
Nos olhos dos soldados a esperança de voltar a ver-te.