Arranca-me a pele do osso.
Ferve-me a carne sem remorso.
Acumula os meus bocados em podridão
numa jarra escondida debaixo do colchão.
Trinca-me a cartilagem,
Desfaz-me a loucura.
Despinta toda a miragem
de um oásis em secura.
Culpa o anjo e salva o Diabo.
Dá-lhe asas.
Constrói-lhe uma cadeira
e uma vista de janelas baças.
Cospe-me, quando já não houver artéria.
Corrompe a minha nudez
e o que dela é miséria.
Deixa-me sem identidade,
Sem reflexo ou vaidade.
Cria-me em poeira
e enterra-me na cidade.
Não tenho nada a temer, então
escreve-me o nome sobre a carcaça,
já que os anjos não voltarão
e a janela do Diabo é baça.
Lau'Ra