Já chega de bilhetes, faça-me o favor
Bilhetes não me dirão o que tens a falar
Não sei sê são lamurias, ou palavras de amor
Então me diga na cara, se pretendas me amar...
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Pois se eu resolver entrar nesse seu jogo dissimulado
Tornarei-me inconseqüente, tal qual a sua pessoa
E passarei também, somente a deixar-lhe recados
Com palavras sem nexo, enquanto nosso tempo voa...
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E poderão ser até provérbios sagrados
Ou quem sabe, versos satânicos ou ladainhas
Saiba que meu organogenesis formou-se no pecado
E joga xadrez em um tabuleiro sem rainhas...
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Felicidade é como as estrelas no céu, brilham por todo lado
E são como as poesias, um poeta a declamar
Mas tem dias que o céu também aparece nublado
E com meu silêncio terá que se contentar...
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Às vezes pareço ser vento, mas sou furacão
Outras pareço ser tempestade, mas sou calmaria
Então me calo em um argumento mudo por opção
Um argumento mudo? Hora quem diria...
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Então não tente escrever em minha agenda
Não queira adentrar o ventre de meu diário
Nelas estão depositadas as minhas sendas
Palavras comuns, e não a carta a um missionário...
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Não possuo sortilégios para que duvide
Então não me cobre amor, ou de minha maneira de amar
Sou um homem normal, que em partes se divide
Tenho minhas horas de dizer, tenho horas de calar...
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Mas se pretendes achar em mim alguma maquinação
Encontrará então apenas um olhar que brilha triste
Pois esse teu jeito, fere demais ao meu coração
E está descontente nessas duvidas que em ti existe...