Teus olhos me cortam, ferindo-me,
Buscando na minha alma, a revelação,
A navalha de teu olhar, penetrando-me,
Alcançando precisamente meu coração...
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Dessecando-o, na palma de sua mão,
Tentando descobrir meus méritos de amor,
Analisado-o, a cada breve pulsação,
Tentando se reconhecer na minha dor...
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Olhos que me fazem pedra, sedimentando-me,
Expondo minha natureza revelada em pó,
Teus olhos, sul e norte, desorientado-me,
Levando-me uma condição digna de dó...
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Pois seus olhos são frios, pedras de gelo,
E me perseguem cegos, tão friamente,
Olhos mudos, olhos sem nenhum apelo,
Que me devoram, quase que ferozmente...
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Olhos famintos, olhos totalmente taciturnos,
Que silenciam, fazendo-me também calar,
São tão indefectíveis esses olhos noturnos,
Olhos tão negros, como noite sem luar...
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Teus olhos derrubam celebres do panteão,
Pois neles há a coragem, que os faz temer,
São os mesmos olhos, que me tiram a noção,
E me fazem neles, o amor reconhecer...
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Pois são olhos que dizem a minha verdade,
Olhos taxativos, às vezes incompreensíveis,
Que me mira reticente, e assim me invade,
Enxergando aos meus pensamentos invisíveis...
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São variantes variáveis, impensáveis caminhos,
Que sob a mira de teus olhos, não sei revelar,
Se teus olhos negros, olhos cheios de carinho,
São olhos que amo, ou olhos que estão a me amar...