Eu quero dinheiro!
(Mauro Leal)
Todas as madrugas ouço meu vizinho desesperado a gritar
para, para, para
assim você vai me matar
para, para, para
o prédio vai acordar
chega, chega, chega
já estou todo unhado a sangrar
por favor: para, para, para
estou entrando em convulsão acho que vou apagar
não aguento suas mãos pesadas na minha cara esfregar
para, para para, já disse para
a polícia vão chamar
e na caçapa do camburão vamos ao delegado explicar
já tô até sem ar e vendo tudo a rodar
acho que em coma estou começando a ficar,
e com estes calombos roxos o que vou na fábrica falar?
- Se vira, da seu jeito, sei la,
agora levanta seu cabra pilantra, veste esta calça borrada
e vai trabalhar e quando te perguntar
digas que o sinal fechou e o trem bala bruscamente brecou
e pela janela voou ou que Chris Weidman por la passou,
quem manda só querer de cachaça viver
invente qualquer coisa pra se safar,
e não volte pra cá sem dinheiro, macarrão e feijão
e sobre mim na catinga da pinga a sorte tentar
com o "ganço" querendo afogar,
aí seu cafajeste terás que inventar que foi obrigado do avião se jogar.