Os pássaros que voavam em redor do meu céu
Contornavam as nuvens paradas no caminho
E chilreavam as melodias que mais adoravas
A vida que se descobrira por detrás de um véu
Sorria assim para mim com todo o teu carinho
Cada vez que com teus olhos me murmuravas
"Um dia espero ser tua mais que ninguém
Um corpo teu que te ampara o corpo só
Castigado por há muito não ser de alguém"
Os silêncios que tomavam conta da noite escura
Perdiam-se no nevoeiro do som dos velhos canhões
E gritavam "Aleluia!" a quem passava desprevenido
O vento assobiava por entre teu peito de alma pura
Enquanto declamava a obra completa de Camões
Cada vez que a vida perdesse de novo o sentido
Os Reis chamavam-se Reis porque assim queriam
Eram donos da mentira que de outros era verdade
Embora roubada, suja e jogada em neutra terra
Os Homens choravam porque já não morriam
A vida era pó, o pó era sangue e este maldade
Cada vez que se arrastava um povo para a guerra
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma