A lágrima presa do choro não declarado.
Morta no imenso vazio de seus olhos.
Não escorrida e por fim tão pouco sentida, mal sabia do seu destino mortificado.
O que é viver?
Sentir o constante gosto da amarga morte que tarda mas não falha?
Viver na esperança de nunca receber a tal visita?
Ver tua vida virar mera migalha.
Ó vida, o que trás ai para mim?
Mais dor desamparada.
A ilusão de achar que ainda vivo.
A ilusão de ser lembrada, apenas no passado fiquei como amada.
Ó dor que me angustia.
Se tu soubeste o mal que me faz, fazia.
Se tu soubeste o que tive que deixar.
As pedras eu achava que era algo que me valia.
Porém vejo que eram os sorrisos que faziam a constância de um alegrar.
Ó dor, ó vida.
Como agora vou enterrar tudo que um dia me fez amar?
Como podes ser tão cruel e tempestuosa, vida?
Tu me ouves?
Preste atenção, essa pode ser minha partida.
Olhe para mim, perdida.
O que queres mais? Não posso mais.
Meus olhos se esgotam ao lembrar da minha vida.
Transbordam, encharcam e me matam.
Ó vida que me remete a dor de todo ardor, finalizo aqui já sucumbida, me entrego já tão ferida, mas assim tão bem vivida, vida, já tão entardecida.
Deixe-me ser eterna, na fagulha doída porém, agora sentida.
Vida.
Tu me ouves ?