Eu sou peão, tenho as mãos calejadas
De tanto labutar na roça, na enxada
Não para ter fartura, mas para sobreviver...
Quatro e meia da manhã o galo canta
E muita gente que nem teve janta
Com a barriga vazia chora no amanhecer...
Realidade que oprime o homem do campo
Que, sem água, não cultiva seu sustento
E deixa a família à míngua, morrer ao relento...
Lágrimas e suor são a chuva que esperam tanto!
Promessas se perdem na secura das estradas...
Sai ano, entra ano... fotografa-se idêntica miséria,
Personagens de gravata discutem assíduos a matéria
Que no papel fica impressa e não se resolve nada!