Para que bem saiba o ato de amar
Tome-se o gosto ao céu
Se tem uma pitada de nuvem
Pise-se a sua sombrinha no fresco chão.
Olham-se os outros olhos com amor
Um pouco sérios os teus, dá isso ardor.
Agarra-se de pronto nas partes moles
Assim como se indaga o queijo
Sem entusiasmo nem indiferença
Fazendo aparecer a medida certa
Que tenta, alenta e logo acerta
Prémio? Um longo beijo.
E o calor vai de menos a mais
Toma o seu lugar, expande e agita
Pelos eriçados e a língua aflita
Comunicando em modo de cabotagem
Nas águas felinas da mesma margem
E a luz do farol é já tão precisa!
Rumo tão certo, tão puro e obstinado
Laudatórios sinais a um tempo só estremecem
No quente fogo de significado amplo
Forja-se o homem em fértil quebranto
Grita-se de liberdade, puro encanto!
E a terra, também por nós, se sente mãe.