“A mente não conseguirá encontrar,
nem esquecer todos os por de sois ...”
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palavras de desalento vendo uma jovem pensativa encantada com o mar
Se por um momento fugaz sentir a alma num deserto
inexplicavelmente ver-se em trevas
remorsos encher os olhos
suscitando secretas dúvidas.
Movimentos tão lentos
como se prostrada diante de um santuário
de demônios voadores
desfazendo a doce imagem
que tanto admirava.
Não verá sinais de renascimento
nem palavras de salvação.
Imagens vão se desvanecer na neblina
solvidas em pensamentos insidiosos.
Não haverá sonhos de felicidade,
nem uma estrela para guiar.
A mente não conseguirá encontrar,
nem esquecer
todos os por de sois
pacientemente verificados
ao longo de cada dia.
Mas é necessário cruzar linhas.
ouvir sinos tocando
tanger a fila de camelos
enquanto a caravana passa,
ao lado do corcel alado
boca espumando mordendo o freio.
Saiba que símbolos sagrados surgirão no céu
entalhes nas montanhas enuviadas:
uma espada, um punhal e a cimitarra
brilhando ao sol do entardecer.
Deixe jogado ao vento as barras do albornoz
exibindo os bordados em ouro e seda
A brisa gira e cheia de medos
brincará nos detalhes .
Então ouça o barulho do mar,
e da roda do tempo quando gira.
Perceba cheia de medo o golpe das marés
nas íngremes falésias abruptas recortadas,
conduzindo em cânions o rio rebelde,
caminhando solto pelas profundidades
buscando o delta no litoral.
No topo de uma vaga
veja o spray da nevoa subindo
mesmo depois de muitos anos
essa visão permanecerá
sempre que repousar à beira mar.
E saiba que como tal é a vida de uma jovem,
vivendo como fonte borbulhante
-sob o sol a beleza floresce.
doce e errante pela terra,
desde que o mundo perdeu o paraíso.
" ...descrevo sem fazer desfeita,
meu sofrer e meus amores
não preciso de receita
muito menos prescritores."