Porque é que os mais velhos param para falar?
Deparamo-nos com estas conversas “estáticas” todos os dias. Por vezes, até há alguém que se chateia e diz– “Estou aqui cheio de pressa e esta gente pára assim, à toa, não têm mais nada para fazer, com certeza!”.
O que eles não sabem é que não vale a pena andar sob stress o dia inteiro.
Enquanto caminham para o trabalho, são como TGVs.
Nem aproveitam os poucos minutos que têm para apreciar o percurso que fazem.
O passeio por onde andam.
Não reparam no primeiro cheiro.
Na primeira cor.
A brisa suave de uma manhã que se esconde.
No amanhecer que vai saindo aos poucos e poucos, tímido, revelando as cores mais cândidas ao início do dia.
A caminho do trabalho, passam por tantas pessoas que lhes é completamente indiferente reparar em certos pormenores.
Qual era a cor do casaco do primeiro sujeito que viu hoje de manhã?
De que marca eram os ténis do sujeito?
Tinha óculos?
E a cor dos atacadores?
Notou alguma peculiaridade nele?
E quanto a todos os outros que passou?
O que eles não sabem é que uma pessoa, quando tem muito e pouco tempo nas mãos, dá valor ao tempo que tem.
Param, para dar toda a atenção à sua conversa.
O momento é ali,
Só ali.
Conversam, olhos nos olhos.
Frente a frente, criam aquele instante.
O que eles não sabem é que a vida é curta demais para correr.
Falta-lhes sentir o vento.
Saber que o vento é apenas e somente vento.
A chuva é somente e apenas chuva.
O sol é apenas o sol.
Uma árvore é somente uma árvore.
Então… Porque é que tu não páras para conversar?