Cala por hoje essas tuas vozes
Nefastas privações da inocência
Esse castrar de novo sentimento
Mundo mudo, vida cega, ser surdo
Cala por ora as dores atrozes
Cravadas na vida com violência
Leve sombra de vasto monumento
Envolve-as com tua língua viperina
Sagaz vontade do olhar ser maior
Sem amanhã, sem mera esperança
Mundo cego, vida surda, ser mudo
Envolve-as numa alma peregrina
Que se viaja em destinos sem temor
Em afagos da ponta de uma lança
Conta a todos tua falsa história
Do corpo nu que por ti sofreu
Do louco fogo feito ar sem água
Mundo surdo, vida muda, ser cego
Conta a todos a esquecida memória
De todo o chão queimado que é teu
De tanto que viste ontem, da mágoa
A Poesia é o Bálsamo Harmonioso da Alma