Abro lentamente a janela e vejo
O vento a correr em plena madrugada,
A lua é minha eterna e infinita namorada,
A noite, um átomo que alucina meus desejos.
O mundo é a inspiração que me incita a descrever
Os torvelinhos e a bonança do choro e do riso...
A vida, a luz que alumia as trevas e o Paraíso
Das fontes que derramam sobre a Terra o viço e o prazer.
Na seara da manhã percebo que uma lágrima de dor
Pranteia a desilusão de um universo sem cor
E de um sol que maltrata a seca caatinga...
O dia é uma inóspita vertente sem várzeas
Que tapeia as horas na crueldade das marchas
De um cenário póstumo que em mim respinga!