Lembro-me claramente dos natais da minha infância, quando eu esperava o meu pai chegar do trabalho ansiosa para saber se ele havia trazido algum presente para mim.
Sempre próximo ao dia de Natal, chegava ele, desconfiado sabendo que eu já estava à espera do presente. Ele me olhava como se não soubesse de nada. Ia para o canto da cozinha e conversava baixinho com minha mãe, e eu na mais pura inocência pensava: Este ano não tem presente...
Logo ele pedia para que eu fosse fazer algo no quintal como uma forma de me distrair para que ele retirasse de sua mochila meu presente. E assim eu fazia.
Dito e feito, era o que eu imaginava! Ao entrar para casa, lá estava em cima da minha cama: meu tão esperado presente. Todo ano era assim, a mesma estratégia para me "enganar" e eu nem desconfiava de nada (ou pelo mesmo fingia não desconfiar).
Um ano ganhava uma boneca, no outro um jogo de tabuleiro e assim ia, ano após ano e a época que eu mais esperava no ano era o Natal.
Hoje esta é uma das datas que mais me marcam, que me trazem boas lembranças... Não pelos presentes que eu recebia, mas pelas boas sensações que esses momentos me causavam. Sinto falta das surpresas, das idas no quintal e ao entrar no quarto ter a felicidade de encontrar aquele presente esperando por mim, muitas vezes tão simples mas que o amor com que eles eram dados dinheiro nenhum era capaz de pagar.
É esse o Natal que quero levar comigo.