Contos : 

UNHAS RETRÁTEIS

 
Gata esgueira-se na penumbra de um quarto, espreguiça-se lentamente, bocejando, dengosa, esta gata é manhosa!
Os olhos vítreos brilhando, a passos suaves, observa a vítima, mal acordou e já está pronta para caçar,
no final de um enorme corredor antigo, mistura as sombras, nuances, tons, entra no salão, um verão promissor...
Pupilas de lince, verdes jades, patas aveludadas, movimentos sinuosos, rebolativamente, elegantemente, ela, gata, aproxima-se sorrateiramente e traiçoeiramente, preparando-se para o salto, milimetricamente vai calculando, sem a menor pressa; e a vítima sentado na poltrona está lendo o seu jornal de domingo, ele não tem a menor idéia do próximo episódio, a casa em um silêncio mórbido, até os pássaros estão ansiosos, calados, agoniados, momentos antecedentes ao cruel golpe de misericórdia, suspense, ela mira feito um míssil a caneca de café em sua mão, e salta! Assalta-o, tomando a caneca de sua mão, vai cobrindo-lhe de beijos, arrancando-lhe o fôlego, atirando as pantufas peludas ao chão, crava-lhe nas costas as unhas sem dó nem piedade, mordendo-o com voracidade, imobilizando-o entre suas coxas, e finalmente após uma luta corporal, pobre vítima, exausto entrega-se aos carinhos de sua gata!
Miauuuuu....grouuuu...aurrrrrrr....


Viagem nos sonhos e sintam na alma o que é poesia!

 
Autor
ROSA DO DESERTO
 
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