Poemas -> Surrealistas : 

... toiro de sangue

 
Cinemascópios vazios
projectam filmes provectos.
Entre dois versos, fuma-se um cigarro de luz,
enquanto o parágrafo morre sem ainda ter sido escrito.

Agora sou frio.
Amparo o grito e sou tempestade abolinada
pelas noites do teu silêncio.

Agora sou sudário, espargindo em nebulosas e ventos
o toiro de sangue a espumar morto na arena,
sendo viagem anunciada nas linhas da tua mão,
nas latitudes em declínio e no segredo do teu ventre,
cigano errante, asceta fustigando pegos e abismos-mundos
em transatlânticos de chumbo.

Agora somos prelúdios e rimos
de sermos nós mesmos pólvora incendiada
nos olhos da escuridão.


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Autor
Mel de Carvalho
 
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Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 06/01/2008 11:33  Atualizado: 06/01/2008 11:33
 Re: ... toiro de sangue
Magnífico!

Beijinhos.


Enviado por Tópico
visitante
Publicado: 08/01/2008 22:00  Atualizado: 08/01/2008 22:00
 Re: ... toiro de sangue
Sou um leitor relativamente habitual do que escreves. O que acho mais admirável na tua escrita é a busca constante de novas imagens, novas metáforas, novas palavras. Adicionei este aos favoritos, pois em muitos versos atinges um ponto realmente muito elevado nessa busca. Gostei bastante.