Paira no ar a crescer
O cheiro de que é Natal
E muitos para comer
Só têm o cheiro igual
Paira no ar a dor
Desalento e amargura
E à falta falta de amor
Já nem sequer há ternura
Pairam os sonhos vendados
Da juventude a cair
De um país desgovernado
Que os obriga a partir
Paira até o reformado
No fim da vida só herda
Uma reforma de merda
E ainda é descontado
Paira a fome e a crescer
A revolta e a fadiga
Que não enchem a barriga
Mas que temos as comer
Pairam justiça, verdade,
Para quem tanto roubou
Pavoneiam-se à vontade
E tiram-nos sem caridade
O pouco que nos sobrou.